Caminhos
Caminhos floreadosCaminhos forjados
Caminhos vastos e medonhos
Caminhos estreitos e belos
Caminhos verdes de esperança
Por onde andei com sapatos a brilhar
Esqueci-me que as meias estavam rotas
Corri saltando barreiras
Sem aperceber-me do sono profundo
Em que me encontrava
O fim da fila talvez seria
A minha meta
Porém
Há sempre caminhos
Lindos por trilhar
Kabudi Ely - Artista Plástico*
Quando li este poema, percebi que percorria um caminho saltando barreiras, já nem aparentemente feliz, e que por dentro a minha alma estava ferida. Os meus sapatos (com saltos de 10 cm) brilhavam, mas escondiam as meias rotas, uma alma ferida a esvair-se.
Curiosamente, 6 anos antes, outra revelação de estar no caminho errado, e que mudaria a minha vida, tinha aparecido num sonho, também com uma metáfora de sapatos e meias velhas.
Quantos de nós não andam por aí de sapatos a brilhar por fora, mas de meia rota, num sono profundo? Ignorando os sinais que a vida vai dando, ignorando as diversas formas da alma ferida se exprimir?
Eu mudei de caminho. Para um que me faz feliz, que me torna mais leve, mais comprometida com a Vida.
E mudar de caminho pode não ser radical, pode ser só mudar aquilo que nos fere ou aceitar uma parte de nós e da nossa Vida.
Porque não?
Cláudia Félix Rodrigues
* Publicado com autorização do autor.
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